Moda clubber: sobrevivência do estilo no gueto paulista

Abstract

Este trabalho investigou a história da cultura clubber desde sua chegada, com foco na moda dos clubes paulistas e em como a subcultura e sua indumentária foram impactadas pela chegada do mainstream. Por meio de livros, artigos e teses, analisou-se o comportamento, a música eletrônica e as subculturas para compreender o processo histórico da moda clubber, desde sua inserção na cena paulista até sua permanência atual. A pesquisa evidenciou que a cultura clubber tem raízes em comunidades negras, queer e latinas, que criaram espaços seguros para a expressão artística, com destaque para as drag queens, cuja influência estética se perpetua, agora também no mainstream, por meio de reality shows, campanhas de moda e presença na mídia. Elementos coloridos, neon, preto, couro, fetichismo, diferentes texturas, utilitarismo são elementos encontrados nos cenários mainstream e também no underground, porém o exagero e “fidelidade” a uma expressão de moda mais artística ainda continua em ambientes underground com um público plural, enquanto cenário mainstream usa desses códigos de uma forma mais sutil e consiste num público hetero cisgênero e branco. A música eletrônica, fundamental para essa cultura, ganhou força global, consolidando-se em cidades como São Paulo e expandindo para outros estados brasileiros, acompanhada pela realização de eventos e festivais nacionais e internacionais. Após mais de 30 anos, a cultura clubber segue viva em São Paulo, mantendo sua estética forte e relevância cultural, adaptando-se a novos contextos sem perder sua essência.

This study investigated the history of the clubber culture since its arrival, focusing on the fashion of the clubs in São Paulo and how the subculture and its attire were impacted by the mainstream. Through books, articles, and theses, behavior, electronic music, and subcultures were analyzed to understand the historical process of clubber fashion, from its insertion into the São Paulo scene to its current permanence. The research highlighted that clubber culture has roots in Black, queer, and Latina communities, which created safe spaces for artistic expression, with an emphasis on drag queens, whose aesthetic influence endures, now also in the mainstream, through reality shows, fashion campaigns, and media presence. Colorful elements, neon, black, leather, fetishism, different textures, and utilitarianism are found in both mainstream and underground settings; however, the exaggeration and "fidelity" to a more artistic expression of fashion still remain in underground environments with a plural audience, while the mainstream uses these codes more subtly, consisting of a hetero cisgender and white audience. Electronic music, fundamental to this culture, gained global strength, consolidating itself in cities like São Paulo and expanding to other Brazilian states, accompanied by national and international events and festivals. After more than 30 years, clubber culture remains alive in São Paulo, maintaining its strong aesthetic and cultural relevance, adapting to new contexts without losing its essence.