Territorialidade nos currículos do ensino técnico: uma abordagem comparativa sobre os documentos do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza

Abstract

A territorialidade das propostas na educação técnica de nível médio iria ao encontro de uma demanda pedagógica: a especificidade do currículo de acordo com a localidade em que será oferecido, de modo que se torne acessível aos jovens e adultos, ofertado em escala compatível com as necessidades de aprendizagem e a inserção social de seu público. Partindo desse princípio, seria útil examinar os aspectos que envolvem a elaboração curricular, além de pesquisar os meios pelos quais um currículo formal prescrito pode ser territorializado, contribuindo assim para um melhor aproveitamento do ensino e dos resultados de aprendizagem no ensino técnico. O presente trabalho tem por objetivo analisar e comparar, em planificações curriculares da educação profissional técnica de nível médio no Estado de São Paulo, os elementos relacionados à territorialidade dos currículos. Entre os objetivos específicos, pretendeu-se mapear os fundamentos teóricos para a territorialização curricular no ensino técnico; analisar as possibilidades legais sobre territorializações; e comparar os diferentes currículos do ensino técnico do CEETEPS para verificar diferenças e semelhanças, tendências e linhas conceituais, com o auxílio da comparação metodologicamente elaborada. Na investigação dos planos curriculares, a perspectiva adotada para a comparação foi a analítico- especulativa, ao coletar evidências e reunir análises para servir de alerta ou orientação aos sistemas educacionais públicos. Como resultado encontramos que os planos de cursos analisados apontam para a flexibilização dos currículos, sem indicar a territorialidade expressamente nos documentos. Porém, os planos não exploram como isso poderia ser feito. Quanto às políticas, nota-se que os documentos curriculares e instruções tensionam a relação de descentralização-recentralização. Há uma cobrança da instituição para que o currículo formal seja desenvolvido, ao mesmo tempo que se espera a territorialização destes, com uma autonomia sendo textualmente defendida. O equilíbrio entre estes dois movimentos – conceder autonomia e, ao mesmo tempo, realizar a gestão de uma instituição de grandes proporções é um desafio à negociação e às políticas públicas educacionais e gestionárias a serem empreendidas.

The territoriality of the proposals in high school technical and vocational education would meet a pedagogical demand: the specificity of the curriculum according to the location where it will be offered, so that it becomes accessible to young people and adults, offered on a scale compatible with their needs. of learning and the social insertion of its public. Based on this principle, it would be useful to examine the aspects involved in curriculum development, in addition to researching the ways in which a prescribed formal curriculum can be territorialized, thus contributing to a better adaptation and use of teaching and learning in technical education. The present work has the objective of analyzing and comparing, in curricular plans of technical professional education of secondary level in the State of São Paulo, the elements related to the territoriality of the curricula. Among the specific objectives, it was intended to map the theoretical foundations for the curricular territorialization in technical education; analyze the legal possibilities on territorialization; and to compare the different curricula of the technical education of CEETEPS to verify differences and similarities, trends and conceptual lines, with the aid of methodologically elaborated comparison. In the investigation of curricular plans, the perspective adopted for the comparison was the analytical-speculative, by collecting evidence and gathering analyzes to serve as a warning or guidance to public education systems. As a result, we found that the analyzed course plans point to the flexibility of the curricula, but not indicating the territoriality in the documents. But the plans do not explore or give hints on how this should be done. As for policies, it is noted that curriculum documents and instructions stress the decentralization-recentralization relationship. The institution demands that the formal curriculum be developed, while the territorialization of these is expected, with an autonomy being textually defended. The balance between these two movements – granting autonomy and, at the same time, managing an institution is a challenge to negotiation and to public educational and management policies to be undertaken.