Biofortificação da cultura do trigo com selênio

Abstract

No Brasil, os poucos estudos realizados com selênio têm alertado para uma possível deficiência deste elemento na população brasileira, particularmente nos grupos populacionais de baixo poder aquisitivo que não consomem produtos de origem animal e vegetal com a frequência adequada. Alguns estados brasileiros demonstram baixa ingestão do elemento, como em São Paulo e Mato Grosso, por exemplo, e alta no Pará, devido a grandes quantidades de castanha-do-brasil ingeridas na região. A adição de elementos essenciais à saúde humana por meio de adubação no solo agrícola é considerada uma estratégia promissora para a biofortificação de alimentos. Nesse caso, a cultura do trigo mostra-se bastante interessante devido ao fato de ser um dos alimentos mais consumidos pelos brasileiros. No presente trabalho, com o objetivo de aumentar a concentração de selênio nos grãos de trigo, foi instalado um experimento em condições de campo, onde o selênio foi adicionado em aplicação foliar, na forma de selenato de sódio, na época do florescimento. Após a maturação fisiológica de campo do cultivar, as amostras de planta foram coletadas e extraídas através do método EPA3051, para serem analisadas por espectrometria de emissão óptica com plasma indutivamente acoplado (ICP-OES), a fim de verificar a concentração de selênio na parte aérea e nos grãos da cultura do trigo, além da avaliação da produtividade do cultivar. O resultado obtido em relação à taxa da produtividade foi maior com a aplicação da dose de 5 g.ha-1 , intermediária entre as doses aplicadas, o que sugere que o desenvolvimento do trigo é mais eficiente com a aplicação de pequenas quantidades de selênio. Além disso, o trigo biofortificou na dose recomendada pela FAO (Food and Agriculture Organization) e contribuiu para um aumento de 87% na ingestão diária recomendada (IDR) para esse elemento, sem ultrapassar o limite máximo de tolerância (LMT) de 0,3 mg.kg-1 de selênio. Palavras-chave: fitotoxicidade; fortificação; desnutrição; selenato de sódio; produtividade.

In Brazil, the few selenium studies have warned of a possible deficiency of this element in the Brazilian population, particularly in the low-income population groups that do not consume animal and vegetable products with the adequate frequency. Some Brazilian states show low ingestion of the element, as São Paulo and Mato Grosso, while others show high, as Pará, due to the large quantity of Brazil nut consumed in the region. The addition of essential elements to human health through agricultural soil fertilization is considered a promising strategy for biofortification of food. In this case, the wheat crop is very interesting due to the fact that it is one of the most consumed foods by Brazilians. In order to increase the concentration of selenium in wheat grains, an experiment was installed in field conditions, where selenium was added in foliar application, in the form of sodium selenate, at the time of flowering. After the physiological maturation of the cultivating field, the plant samples were collected and extracted by EPA3051 method, for analysis in inductively coupled plasma optical emission spectrometry (ICP-OES), in order to verify the concentration of selenium in the aerial part and in the grains of the culture of wheat, in addition to evaluating the productivity of the grow crops. The results obtained in relation to the yield rate were higher with the application of the dose of 5 g.ha-1 , intermediate between the applied doses, which suggests that wheat development is more efficient with the application of small amounts of selenium. In addition, the wheat biofortified at the rate recommended by the FAO (Food and Agriculture Organization) and contributed to an increase of 87% in Recommended Daily Intake (RDI) for that element, without exceeding the tolerance limit (LMT) of 0.3 mg.kg-1 of selenium. Keywords: phytotoxicity; fortification; malnutrition; sodium selenite; productivity.