Opióides e dependência: entre o alívio da dor e o risco do vício

Abstract

O uso de opioides tem sido uma das principais estratégias terapêuticas no manejo da dor aguda e crônica, trazendo alívio significativo para pacientes com diversas condições clínicas. No entanto, o uso indiscriminado e prolongado desses medicamentos tem gerado consequências graves, como dependência, abuso e aumento de casos de overdose, configurando uma crise de saúde pública em diversos países, especialmente nos Estados Unidos. Esse contexto levanta preocupações quanto ao uso racional de opioides e à necessidade de medidas de controle e prevenção em outros países, como o Brasil, onde o consumo ainda é mais restrito, mas já apresenta tendências preocupantes. O objetivo foi analisar os benefícios terapêuticos e os riscos associados ao uso de opioides, abordando desde sua história e mecanismos de ação até as consequências do uso prolongado. O estudo foi uma revisão bibliográfica narrativa baseada em artigos científicos. As bases de dados consultadas incluíram PubMed, SciELO, Google Acadêmico, com recorte temporal dos últimos 10 anos. Os critérios de inclusão foram publicações que abordassem o uso clínico de opioides, dependência, dados epidemiológicos e políticas públicas relacionadas ao tema. A análise evidenciou que os opioides, apesar de sua eficácia no controle da dor, apresentam alto potencial de abuso e dependência quando utilizados de forma inadequada. Nos Estados Unidos, a chamada "crise dos opioides" tem causado milhares de mortes por overdose, com 14.716 óbitos registrados somente em 2022 por uso de medicamentos prescritos. Entre os fatores que contribuíram para a crise estão o excesso de prescrições, o marketing agressivo da indústria farmacêutica e a falta de monitoramento adequado. No Brasil, embora o consumo seja mais restrito, já se observam sinais de aumento no uso e relatos de uso indevido.O estudo identificou alternativas terapêuticas viáveis, como analgésicos não opioides, tratamentos multimodais e abordagens integrativas para o manejo da dor, além da importância da educação dos profissionais e pacientes quanto ao uso seguro desses medicamentos. O uso de opioides representa um importante recurso terapêutico, mas deve ser feito com cautela, responsabilidade e acompanhamento rigoroso. A prescrição consciente, o monitoramento farmacológico, a capacitação dos profissionais de saúde e a educação dos pacientes são medidas essenciais para garantir o uso racional e seguro dos opioides, protegendo a saúde pública e promovendo a qualidade de vida dos pacientes em tratamento.