O cenário da insegurança alimentar em escolas durante o período de pandemia de Covid-19

Abstract

No final de 2019 surgiu uma doença infecciosa na China denominada Covid-19 e com os avanços de casos e mortes logo se tornou uma pandemia. A fim de barrar essa crescente doença no Brasil, foi implementado pelas autoridades o isolamento social como uma medida de contenção da doença o que gerou o fechamento das escolas e a alta do desemprego. Uma parte da população afetada foram as crianças na fase escolar que compreende a faixa etária dos 7 aos 10 anos, durante esse período uma alimentação adequada e saudável é necessária para o desenvolvimento delas. Pensando nisso, em 1954 foi criado o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) que tem como objetivo garantir o fornecimento de refeições nas escolas do país e a segurança alimentar entre os estudantes. Porém com a pandemia e o isolamento social escolares ficaram sem essas refeições oferecidas nas escolas. A insegurança alimentar compreende a falta do acesso seguro e garantido a quantidade de alimentos e nutrientes essenciais para o desenvolvimento e bem-estar humano. Diante disso, o objetivo desse trabalho é realizar uma revisão bibliográfica sobre a insegurança alimentar no Brasil durante a pandemia de Covid-19 em escolares. Dentre os artigos analisados, uma pesquisa realizada durante a pandemia de Covid-19 envolvendo famílias com crianças menores de 10 anos em quilombos no estado da Paraíba no qual 253 domicílios participaram e desses apenas 5,1% se encontravam em uma segurança alimentar nutricional, 60,5% insegurança alimentar (IA) leve, 23,7% IA moderada e 10,7% na IA grave. Destes, 187 eram crianças de 5 a 9 anos e 41,7% se encontravam em algum dos graus de IA. Pode-se verificar que a segurança alimentar já era uma problemática da saúde no Brasil e provavelmente o período de isolamento na pandemia de COVID-19 pode ter intensificado as taxas de insegurança alimentar principalmente nos mais vulneráveis. Portanto, conclui-se que a pandemia de covid-19 e suas adversidades se apresentaram como imprescindíveis agravantes para a IA no Brasil principalmente entre os escolares, combinada com o sucateamento de políticas públicas responsáveis por assegurar a segurança alimentar no país. Por fim, ressalta-se a importância da discussão do tema para a democratização do acesso igualitário da alimentação para todas as crianças.

At the end of 2019, an infectious disease called Covid-19 emerged in China and, with the increase in cases and deaths, it soon became a pandemic. In order to stop this growing disease in Brazil, the authorities implemented social isolation as a measure to contain the disease, which led to the closure of schools and high unemployment. Part of the affected population were schoolchildren, aged 7 to 10 years old. During this period, adequate and healthy nutrition is necessary for their development. With this in mind, the National School Feeding Program (PNAE) was created in 1954, with the aim of guaranteeing the provision of meals in schools in the country and food security among students. However, with the pandemic and social isolation, schools were left without these meals offered in schools. Food insecurity involves the lack of safe and guaranteed access to the quantity of food and nutrients essential for human development and well-being. Given this, the objective of this work is to conduct a bibliographic review on food insecurity in Brazil during the Covid-19 pandemic among schoolchildren. Among the articles analyzed, a survey conducted during the COVID-19 pandemic involving families with children under 10 years old in quilombos in the state of Paraíba, in which 253 households participated, and of these only 5.1% were in nutritional food security, 60.5% in mild food insecurity (FI), 23.7% in moderate FI, and 10.7% in severe FI. Of these, 187 were children aged 5 to 9 years old and 41.7% were in some degree of FI. It can be seen that food security was already a health problem in Brazil and the period of isolation during the COVID-19 pandemic may have probably intensified food insecurity rates, especially among the most vulnerable. Therefore, it is concluded that the covid-19 pandemic and its adversities have been essential aggravating factors for AI in Brazil, especially among schoolchildren, combined with the scrapping of public policies responsible for ensuring food security in the country. Finally, the importance of discussing the topic for the democratization of equal access to food for all children is emphasized.