Violência contra a mulher: uma análise dos casos registrados pelo SINAN de violência doméstica, sexual e/ou outras violências no estado de São Paulo utilizando mineração de dados

Abstract

O Brasil tornou-se recentemente o 18º pais na América Latina a possuir uma lei específica para caso de violência doméstica e familiar contra a mulher, trata-se da Lei Maria da Penha, nomeada a partir de um caso de violência de gênero. Os casos de violência contra mulher aumentaram mais de 150% no Brasil entre 2016 e 2017. Esse aumento implica em vasta geração de dados sobre o tema. Desta forma, o uso das tecnologias de informação pode contribuir para melhorar a eficiência da gestão desses dados. A utilização de técnicas de mineração de dados possibilita a manipulação de grandes conjuntos de dados e a identificação de padrões novos e úteis nesses conjuntos. Assim o objetivo desse trabalho foi analisar e caracterizar possíveis agrupamentos que possam elucidar o comportamento dos casos de violência contra a mulher, descrever a situação dos casos, comparar perfis de agressão no Estado de São Paulo e com isso contribuir para a tomada de decisão nas ações e/ou políticas públicas de combate à violência contra mulher. A abordagem metodológica seguida foi a experimental. Inicialmente foram coletados dados do SINAN/DATASUS sobre Violência Doméstica, Sexual e outras violências sofridas pelo sexo feminino. Na sequência foram realizadas atividades de pré-processamento dos dados coletados, como seleção de atributos relevantes para o processo de mineração de dados, limpeza e transformação desses dados; aplicou-se então, por meio da ferramenta Weka, o método de mineração de dados chamado clusterização para facilitar a compreensão dos fatores que influenciam na violência contra a mulher. A análise dos clusters gerados foi feita com auxílio do software Microsoft Excel, com o qual foi possível calcular frequência absoluta e relativa e projetar gráficos. Os principais resultados mostram que há uma diferença entre cidade de porte médio, médio-grande e metrópole. As cidades médias foram caracterizadas por violência praticada por mulheres, em sua maioria autoprovocada, enquanto as cidades de porte médio grande e metrópole são caracterizadas por agressores homens com predomínio de cônjuge e ex-cônjuge e casos que ocorreram durante datas festivas de 2017 (ano novo e carnaval). Entre os clusters prevalece vítimas da etnia branca de 0 a 44 anos. Assim, a partir do conjunto de procedimentos realizados no processo de descoberta de conhecimento foi possível caracterizar grupos, comparar e analisar os casos de violência de gênero no Estado de São Paulo.