Desconstruindo normas e construindo identidades: a moda como "criadora" do monstro de Frankenstein

Abstract

Este trabalho de conclusão do curso de têxtil e moda, visa traçar um paralelo entre a obra literária "Frankenstein" (1818), escrita por Mary Shelley (1797-1851) com as construções que a moda possibilita e, que da mesma forma que o monstro, causam estranhezas. A estranheza e o grotesco sempre trouxeram um papel político fundamental na moda, promovendo transformações sociais ao construir identidades, proporcionando a capacidade inventiva do ser humano. A moda, como uma ferramenta poderosa na construção de novas estéticas peculiares, acompanhada do processo mutável da construção social do belo, pode ser compreendida metaforicamente como “criadora” do monstro de Frankenstein de várias maneiras. Da mesma forma que a criatura de Frankenstein desafia as normas protegidas e provoca uma reação de estranheza na sociedade, a moda apresenta o mesmo dilema quando desafia as convenções estéticas e promove, em diversos momentos, a estranheza como uma expressão de resistência, revolta, rebelião ou até mesmo escapismo. Através dessa moda, nascem os movimentos de contracultura ao buscarem, assim como o monstro, expressar suas individualidades de forma visualmente impactantes, para a própria construção de identidade num contexto de marginalização social. Portanto, será explorada como a moda pode ser uma “criatura” em constante transformação, capaz de criar uma identidade que reflete a complexidade da sociedade contemporânea.

This work for the conclusion of the textile and fashion course aims to draw a parallel between the literary work "Frankenstein" (1818), written by Mary Shelley (1797-1851) with the constructions that fashion makes possible and, in the same way as the monster, cause strangeness. Strangeness and the grotesque have always played a fundamental political role in fashion, promoting social transformations by building identities, providing the inventive capacity of human beings. Fashion, as a powerful tool in the construction of new peculiar aesthetics, accompanied by the changing process of the social construction of beauty, can be understood metaphorically as the “creator” of Frankenstein's monster in several ways. In the same way that Frankenstein's creature defies protected norms and provokes a reaction of strangeness in society, fashion presents the same dilemma when it challenges aesthetic conventions and promotes, at different times, strangeness as an expression of resistance, revolt, rebellion. or even escapism. Through this fashion, counterculture movements are born as they seek, like the monster, to express their individualities in a visually impactful way, for the construction of identity in a context of social marginalization. Therefore, it will be explored how fashion can be a “creature” in constant transformation, capable of creating an identity that reflects the complexity of contemporary society.