Comfort food como estratégia na alimentação de idosos

Abstract

O comfort food explica que a alimentação vai muito além de só nutrir o corpo, mas também tem uma profunda ligação ao convívio social, as emoções e as memórias pessoais. Também desperta um sentimento de carinho, segurança e nostalgia. A pesquisa teve como objetivo geral investigar relatos de memórias alimentares de idosos da Zona Leste de São Paulo, com foco em compreender como os alimentos consumidos na infância e adolescência continuam influenciando a alimentação atual dessa população. A metodologia adotada foi de natureza qualitativa, descritiva e narrativa, baseada em entrevistas realizadas com 39 idosos de duas instituições. A coleta de dados ocorreu por meio de um questionário com 14 perguntas abertas, abordando temas como alimentos preferidos da infância, preparações atuais, memórias felizes relacionadas à comida, influências na cozinha e mudanças alimentares ao longo da vida. Os resultados apontaram que os alimentos mais citados como comfort food foram arroz com feijão, macarronada, frango assado, carne de panela, doces caseiros como bolo de fubá e rapadura. Tais alimentos estão fortemente ligados à figura materna, à avó e às refeições em família, especialmente aos domingos. A maioria dos entrevistados ainda consome esses alimentos atualmente, o que demonstra a persistência da memória gustativa e a ligação afetiva com determinadas preparações. Além disso, observou-se que fatores como o envelhecimento, alterações no paladar e o surgimento de patologias como diabetes, hipertensão e gastrite influenciam as escolhas alimentares, embora não tenham eliminado o valor simbólico dessas comidas. Conclui-se que tem um grande impacto emocional, social e psicológico na vida dos idosos, trazendo acolhimento, conexão cultural e redução da solidão. Fortalecendo os vínculos para qualidade de vida na terceira idade.