Estudo de caso: segurança do trabalho no setor de hortifrúti em um supermercado varejista

Abstract

As tecnologias de produção do setor agroalimentar têm sofrido alterações significativas em suas diversas camadas. A competição de mercado, o avanço tecnológico, a massiva mecanização e as adversidades ambientais das mudanças climáticas fizeram e faz com que adaptações e soluções sejam continuamente buscadas para a crescente e alta demanda mundial de alimentos vindo do campo. Neste contexto, também se ressalta a grande reformulação do setor supermercadista brasileiro e latino-americano percebido nos últimos trinta anos, motivados pela enorme entrada de capital estrangeiro das grandes redes varejistas e atacadistas multinacionais, e ainda pela formação dos conglomerados empresariais nacionais do segmento, que investem em tecnologias da informação, logística inteligente e expansão de armazenamento. Dentre tantos setores e variedades de produtos de um supermercado, o hortifruti, foco deste trabalho, é responsável por aproximadamente 20% do faturamento mensal, o que demanda emprego de grande quantidade de mão de obra em atividades específicas, pois trata-se de produtos perecíveis e de manipulação sensível quando comparado aos produtos industrializados e embalados. Neste sentido, tão importante quanto olhar para os avanços tecnológicos e produtivos no início da cadeia de hortifrutis, é imperioso refletir sobre os impactos na saúde e condições de segurança do trabalho daqueles responsáveis pela manipulação, organização e exposição final destes produtos aos consumidores nos supermercados varejistas; pois o trabalho destes atores é predominantemente manual, em ambientes frios, com carregamento de peso e em contato com agentes químicos e biológicos. Neste sentido, a presente pesquisa tem como objetivo avaliar, através de um estudo de caso, a atual situação das condições de segurança e saúde do trabalho encontradas no setor de hortifrutis de uma unidade varejista, pertencente a uma rede de supermercados de grande porte, numa cidade considerada de médio porte, Franca/SP. Para tanto, foi desenvolvida uma pesquisa exploratória, bibliográfica e de campo. Com natureza aplicada, através da análise de dados qualitativos. Foi realizada uma entrevista semiestruturada, empregando como registro anotações gerais. Verificou-se que são necessárias implementações de medidas administrativas e hierarquicamente sobrepostas e menos dependentes (e exclusivo) do uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Verificou-se também, que a cultura e política organizacional da empresa varejista busca, mesmo que de forma padrão, a minimização da exposição de riscos laborais no setor de hortifruti.

Production technologies in the agri-food sector have undergone significant changes in their various layers. Market competition, technological advances, massive mechanization and the environmental adversities of climate change have made and still make adaptations and solutions to be continually sought for the growing and high world demand for food coming from the field. In this context, the great reformulation of the Brazilian and Latin American supermarket sector perceived in the last thirty years is also highlighted, motivated by the enormous inflow of foreign capital from the large multinational retail and wholesale networks, and also by the formation of national business conglomerates in the segment, which invest in information technologies, intelligent logistics and storage expansion. Among so many sectors and varieties of products in a supermarket, hortifruti, the focus of this work, is responsible for approximately 20% of monthly revenue, which requires the employment of a large amount of labor in specific activities, as these are perishable products. and sensitive handling when compared to industrialized and packaged products. In this sense, as important as looking at the technological and productive advances at the beginning of the fruit and vegetable chain, it is imperative to reflect on the impacts on the health and safety conditions of the work of those responsible for the handling, organization and final display of these products to consumers in retail supermarkets. ; because the work of these actors is predominantly manual, in cold environments, with heavy loads and in contact with chemicals and biological agents. In this sense, the present research aims to evaluate, through a case study, the current situation of the conditions of safety and health at work found in the fruit and vegetable sector of a retail unit, belonging to a large supermarket chain, in a medium-sized city, Franca/SP. For that, an exploratory, bibliographical and field research was developed. With an applied nature, through the analysis of qualitative data. A semi-structured interview was carried out, using general notes as a record. It was found that implementation of administrative and hierarchically overlapping measures and less dependent (and exclusive) on the use of Personal Protective Equipment (PPE) are necessary. It was also verified that the culture and organizational policy of the retailer seeks, even if in a standard way, to minimize exposure to occupational risks in the fruit and vegetable sector.